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faixa Deus é amor

É chegada a hora de se encerrar a crueldade na Terra, tempo de todos os filhos de Deus unirem-se
num mesmo afeto,
num mesmo caminho e de mãos maiores auxiliarem pequenas mãos, pequenas patas, pequenos pés.

São tempos de esquecermos o corpo e vermos o espírito, esquecermos as diferenças evolutivas e vivenciarmos o amor, pois é esta a vontade de Deus, uma vez que Deus é o amor puro,
em todas as suas formas ♥

 

Hino da Umbanda

Pombinha

O Hino da Umbanda é de grande notoriedade a todos os filhos de Umbanda, sendo cantado nos Templos religiosos principalmente em dias festivos. Contudo, poucos conhecem o seu autor: José Manuel Alves e a sua fervorosa história que o levou a escrever tão bela poesia em forma de canção, em homenagem a nossa sagrada Religião.

José Manuel Alves, português, nasceu no dia 05 de agosto de 1907, em Monção (Alto Minho), tendo demonstrado o seu nato talento à música desde cedo: com apenas doze anos tocou clarineta na Banda Tangilense, em sua cidade natal. Em 1929, o jovem compositor desembarcou em terras brasileiras indo morar em uma cidade do interior de São Paulo e, logo em seguida, na capital, onde ingressou na Banda da Força Pública, ocupou vários postos e se aposentou como capitão.

Mas José também desenvolveu uma bonita carreira como compositor de músicas populares, tendo composto mais de uma centena de músicas, várias igravadas por intérpretes famosos de sua época, como por exemplo: Irmãs Galvão, Osni Silva, Ênio Santos, Grupo Piratininga, Carlos Antunes e Carlos Gonzaga entre outros. Suas composições mais famosas foram: “o matuto” (1951, gravada pelo grupo Piratininga na Continental); “pombinha branca” (1955, em parceria com Reinaldo Santos, gravada por Juanita Cavalcanti), “quarteto centenário” (1956, em parceria com Mário Zan, gravada por Zaccarias e sua orquestra). Ele compôs, também, valsas, xotes, dobrados, baiões, maxixes e outros gêneros musicais. Em 1957, realizou sua única gravação no antigo disco de vinil (LP), acompanhado de sua banda, com a gravadora RCA Victor.

Para a Umbanda e para vários Terreiros, ele compôs diversos pontos gravados por diversos intérpretes, como por exemplo, “Saravá Banda” gravado em 1961 por Otávio de Barros; “Prece à Mamãe Oxum” gravado em 1962 pela cantora Maria do Carmo; “Ponto de Abertura” (com Terezinha de Souza e Vera Dias), “Ponto dos Caboclos”, “Prece à Mamãe Oxum”, “Xangô Rolou a Pedra”, “Xangô, Rei da Pedreira”, “São Jorge Guerreiro”, “Saravá Oxóssi”, “Homenagem à Mãe Menininha” (c/ Ariovaldo Pires), Saudação aos Orixás, entre outros.

O fato é que José Manuel era deficiente visual de nascença e, no início da década de 60, ouviu falar sobre uma nova religião e vários relatos sobre um espírito chamado Caboclo das Sete Encruzilhadas que curava as pessoas por intermédio de um senhor chamado Zélio Fernandino de Moraes e, então, resolveu ir até eles em busca de uma cura. José Manuel não conseguiu a sua cura, visto que o Caboclo das Sete Encruzilhadas o informou que nada poderia fazer, pois a sua cegueira era de origem cármica. 

Mesmo assim, ele se encantou muito pela religião, passou a frequentar as giras e, como prova de sua fé, escreveu uma canção para mostrar que poderia ver o mundo e a nossa religião de outra maneira: em suas belas palavras, conseguiu sintetizar que a Luz Divina, que vem do Reino de Oxalá, não é para ser vista com os olhos físicos, que voltarão ao pó, mas sim com olhos do espírito, no encontro da mente com o coração.

O Hino foi apresentado ao Caboclo das Sete Encruzilhadas, que o apreciou muitíssimo. Em 28 de Junho de l961, realizou-se no Maracanãzinho (Rio de Janeiro) a Festa de Congraçamento do 2º Congresso Brasileiro de Umbanda, presidido pelo Sr. Henrique Landi, em que compareceram cerca de quatro mil médiuns uniformizados, além de um grande público assistente. Encorajado com a forte admiração do Caboclo das Sete Encruzilhadas, José apresentou o Hino nesse Congresso, que passou a ser cantado em vários terreiros do Brasil. Em 1976, com a 1ª Convenção do CONDU (Conselho Nacional Deliberativo de Umbanda), ele passou a ser adotado em todo o Brasil como o Hino Oficial da Umbanda.

De acordo com o divulgado por Mestre Marne, membro fundador do CONDU que participou, em 1976, da aprovação da obra de J.M.Alves como Hino Oficial da Umbanda, no Rio de Janeiro – Hotel Glória, é de suma importância que o Hino da Umbanda seja cantado com a letra e melodia correta, sem mudança alguma. Segundo ele, na hora da oficialização do Hino, foi perguntado ao Sr. Jerônimo Vanzeloti, presidente da Convenção do CONDU, se o compositor José iria cobrar direitos autorais de sua obra. Diante desse questionamento, o Sr. Vanzeloti foi conversar com José e o mesmo mandou o seguinte recado a todos os presentes: “Não vou cobrar nenhum tostão de direito autoral, só peço para manterem o meu nome como autor”. Ainda, segunda consta, José teria dito para não alterarem sequer uma vírgula de sua obra e, ao ser entoado o Hino, a mão direita dos presentes deveria ser colocada sobre o coração, como um ato cívico de Umbanda, em demonstração de fé em respeito à nossa sagrada religião. Ademais, disse também que não se deveria repetir a última estrofe da curimba e, como para qualquer hino, não se deveria bater palmas ao final de sua execução, as palmas aconteceriam quando fôssemos saudar a Umbanda.

O Hino sintetiza as características gerais da Umbanda, bem como a sua missão. A Umbanda vem do plano espiritual para iluminar e acolher, vem com as bênçãos do Mestre Jesus, Oxalá, para fortalecer a todos e auxiliar a cada um a desenvolver o Cristo interno. A Umbanda abraça aos encarnados e desencarnados, convidando a todos a encontrar a paz individual e coletiva através do exercício do amor em todos os níveis, uma vez que a verdadeira caridade não se reduz apenas ao assistencialismo, ela se substancia no ato de ajudar a todos independentemente do grau de afinidade, é esta a caridade que vibra em consonância aos ensinamentos do amado Pai Oxalá.

Pelo que se propagou, José Manuel Alves já desencarnou, sendo que em algumas de suas obras ele assinou apenas com as iniciais J.M.Alves.

É importante, também, frisar que a letra do hino foi escrita por José Manuel Alves, mas a melodia foi composta por Dalmo da Trindade Reis, que era maestro tenente do Conjunto Musical da Polícia Militar do Rio de Janeiro que, assim, também contribuiu para a nossa Umbanda.

Que o Hino da Umbanda vibre sempre no coração e pensamento de cada um de nós e que tenhamos a necessária coragem para demonstrarmos, em atitudes, todo o nosso agradecimento e amor a Oxalá pela oportunidade que temos em conhecer a grandiosidade da Umbanda e termos a chance de nos sublimar através da nossa sagrada religião.

Hino da Umbanda